Alexandre Bettencourt Alexandre Bettencourt

A fotografia de imobiliária e as egigências de comunicação modernas.

PT.

Num mundo onde mais de 90% das buscas por imóveis começam online, uma simples fotografia pode ser o factor decisivo entre uma venda rápida e um imóvel esquecido no fim das listagens. Em Portugal, com o mercado imobiliário a crescer impulsionado por turistas e investidores estrangeiros, a fotografia profissional de alta qualidade não é apenas um detalhe estético — é uma ferramenta estratégica que valoriza propriedades, acelera transacções e eleva os preços de venda. Isto são factos.

A questão é que o mundo está neste momento a sofrer uma mudança e uma aceleração sem precedentes. E tudo aquilo que nos últimos 10/15 anos tem vindo a ser aplicado em termos comerciais, de marketing ou de comunicação sobre imobiliário, está já obsoleto.

A era da Inteligência Artificial chegou, e está a mudar tudo. Já não vivemos apenas na era da imagem, vivemos na era do conteúdo. Colocar o seu imóvel em agências imobiliárias, com agentes imobiliários de grande tracção é uma boa estratégia? É. Nada substitui o trabalho árduo de um excelente agente imobiliário. Mas se essa agência, ou agente estão ainda a trabalhar através de métodos convencionais, então não chega.

Não chega porque o mercado em Portugal é altamente dinâmico, e uma boa rede de contactos hoje, amanhã pode não significar nada. Um bom website com uma boa listagem de imóveis, perde, a cada dia que passa importância. Estamos a viver o velho jogo dos grandes períodos de transformação: ou nos adaptamos, ou morremos (no sentido figurado claro).

Plataformas como o Idealista ou o OLX dominam as pesquisas é certo, mas estão a perder utilizadores todos os dias para outros instrumentos e métodos. Uma das grandes tendências emergentes é precisamente a utilização de instrumentos como o ChatGPT para se pesquisar algo. Mas estrangeiro que pretenda comprar casa em Portugal não conhece aqueles websites, embora possa lá chegar através de uma pesquisa Google, a cada dia que passa esse canal tem progressivamente menos tráfico.

O que o cliente estrangeiro conhece são marcas: Remax, KW, Era, Engel & Völkers, Christies, Sotheby’s, Century 21 – são tudo marcas de renome internacional que inspiram confiança ao consumidor não português.

Mas se assim é, como é que cada vez mais aparecem imobiliárias novas, por vezes até especializadas em nichos concretos do mercado, que estão a fazer um trabalho fora de série?

Precisamente porque compreendem as transformações e as novas dinâmicas deste mercado, e operam com base nesses pressupostos.

E que pressupostos são esses? É que não basta ser um actor passivo num mercado de brutal concorrência. Como comecei este texto, ter umas imagens quaisquer num website e esperar que o cliente apareça já não é suficiente.

Comecemos com o princípio básico de todas as estratégias de marketing: primeiro é preciso criar uma história, é preciso incutir um sonho no comprador, é preciso convencê-lo de que não pode viver sem comprar a sua casa – isto é intemporal.

O que não é intemporal, é como é que chegamos a uma grande audiência, e mais ainda como é que agarramos essa audiência para verem com atenção aquilo que lhes queremos apresentar?

Precisamos de saber como comunicar de acordo com as exigências do mercado, e precisamos de saber como criar conteúdo que “prenda” o cliente, e precisamos de saber como “viralizamos” e chegamos a grandes audiências.

O “normal”, o “conhecido” já não chega. Imagens banais não chegam. Não contar uma história, não ter um hook (gancho para prender o cliente nos primeiros segundos) não é suficiente. Não fazer vídeo não chega. Comunicar de forma passiva não chega.

No competitivo panorama imobiliário português, as imagens são o cartão de visita inicial de qualquer propriedade. Mas as imagens não podem ser umas imagens quaisquer. Estudos indicam que imóveis com fotografias profissionais recebem até 118% mais visualizações online do que aqueles com imagens amadoras. Porquê? Porque o comprador moderno, muitas vezes a navegar no telemóvel durante uma pausa no trabalho, decide em segundos se clica ou passa à frente. Uma foto tirada de forma amadora transmite desleixo e desvaloriza o imóvel enquanto imagens profissionais evocam profissionalismo, cuidado e potencial. Quem é que quer comprar uma casa a quem não tem o brio de se apresentar como deve de ser? Alguém vai gastar as poupanças de uma vida, ou endividar-se para uma vida inteira quando o vendedor não tem sequer o cuidado de mostrar o “produto” que quer vender profissionalmente? Isso diz muito sobre o vendedor, na minha opinião.

Mas fotografias apenas, mesmo que excelentes chegam? Claro que se pode vender uma casa apenas com boas fotografias, mas a questão aqui é o potencial de valorização e rapidez de venda que poderia ter sido atingido, tivesse o projecto uma estratégia 360º desde o inicio.

Fotografias apenas, é ficar a meio caminho. Porque, voltando com a “cassete” atrás, é preciso contar uma história, é preciso incutir um sonho, e as imagens embora façam parte disso, num mundo tão dependente do estímulo visual, apesar de importantes, é preciso algo mais. É aqui que entram 3 instrumentos fundamentais modernos: o vídeo; a visita tridimensional; e a comunicação eficaz nas redes sociais.

Em Portugal, como já referido este impacto é ainda mais pronunciado devido ao influxo de compradores internacionais — britânicos, franceses e brasileiros representam uma fatia significativa do mercado, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Estes compradores, muitas vezes sem possibilidade de visitas imediatas, dependem inteiramente dos instrumentos de comunicação para formar opiniões.

Neste momento a fotografia do seu imóvel, concorre com milhares de outras fotografias de outros imóveis. Por isso, já nem é uma questão que se coloque… antes de tudo tem que garantir que trabalha com um fotógrafo de imóveis experiente, e que seu imóvel apresenta imagens profissionais de alta qualidade, isto apenas para conseguir equivaler a concorrência.

Mas se quiser mesmo destacar-se, se quiser mesmo chegar ao mercado que pretende, então sugiro que trabalhe também estes outros instrumentos que referi, uma vez que, por enquanto, ainda não são todos os imóveis que o fazem.

Fazer vídeo é obrigatório. Planos de drone – se o imóvel for moradia, se tiver espaço exterior, ou se o edifício ou local for uma mais valia – é obrigatório. Fazer um mapeamento 3D através de ferramentas como o Matterport? Aposto que esperaria que eu dissesse obrigatório. Mas é para isso que aqui estou. A Inteligência Artifical do programa DeepMind da Google lançou uma ferramenta chamada Genie3. Esta ferramenta permite poupar umas centenas de euros do investimento em mapeamento Matterport, para além de muitas horas de trabalho. Permite que, através de fotografias do imóvel, se crie um mapa tridimensional totalmente navegável pelo utilizador. É caso para dizer que é genial mesmo, e sim, é obrigatório. Mas o Matterport? Obsoleto.

A integração de tecnologias emergentes amplifica esta importância. Em 2025, ferramentas de software como o Lightroom ou Photoshop com IA — permitem optimizar imagens reais, corrigindo iluminação ou removendo imperfeições subtis, sem alterar a essência do espaço. Isto reforça a necessidade de um fotógrafo experiente para capturar e produzir conteúdo autêntico.

Regressando ao poder da imagem: a fotografia, vídeo, 3D, redes sociais profissionais actuam como um catalisador para a valorização de imóveis, transformando percepções e justificando preços mais elevados. Imagine uma moradia em Cascais: com imagens amadoras, parece apenas funcional. Já com estas ferramentas de comunicação profissionais, revela-se um refúgio luxuoso, com luz natural a incidir sobre pisos de madeira e jardins dos quais até podemos sentir o seu cheiro.

Este "efeito wow" aumenta o valor percebido, levando compradores a pagar mais — estatísticas globais mostram que imóveis com pacotes de comunicação de alta qualidade vendem por até 5-10% acima dos imóveis equivalentes.

Em Portugal, o preço médio por metro quadrado em Lisboa, por exemplo, já ronda os 5.000 euros em 2025, segundo o INE, esta valorização é crucial.

Imagens e planos, frases que fazem sonhar que destacam atributos únicos — como proximidade ao mar no Algarve ou vistas panorâmicas no Douro — criam desejo e escassez percebida. Combinada com o Home Staging, uma técnica que prepara o imóvel com arrumações minimalistas e decorações neutras, a fotografia eleva o apelo visual, fazendo o espaço parecer vivido, maior, mais luminoso e mais moderno.

A geração de imagens virtuais para renovações simuladas, é também uma tendência gigante, e um instrumento fabuloso, permitindo que compradores visualizem "antes e depois" sem custos adicionais. Por exemplo, um apartamento antigo no Bairro Alto pode ser "remodelado" digitalmente para mostrar potencial, aumentando o seu valor de mercado em até 15%, conforme relatos de agentes imobiliários portugueses.

Os benefícios da comunicação profissional de imóveis vão muito para além da estética — traduzem-se em resultados mensuráveis. Primeiramente, vender mais rápido: imóveis com imagens, vídeos, comunicação profissional passam, em média, 32% menos tempo no mercado.

Em Portugal, onde o tempo médio de venda é de 6-9 meses em áreas urbanas, isto significa reduções para 4-6 meses, minimizando custos com manutenção, impostos e juros de empréstimos. Uma pesquisa da Redfin, adaptada ao contexto europeu, confirma que casas fotografadas profissionalmente atraem mais visitas qualificadas, filtrando compradores sérios.

Em segundo lugar, vender mais caro: a qualidade do conteúdo justifica prémios de preço.

Anúncios com vídeos bem trabalhados geram taxas de engagement 40% superiores em redes sociais e portais imobiliários, levando a ofertas mais competitivas. Para proprietários em Portugal, isto pode significar milhares de euros extras — num imóvel de 300.000 euros, um aumento de 5% representa 15.000 euros.

Outros benefícios incluem maior visibilidade online: algoritmos de plataformas como o Google ou o Facebook prioritizam conteúdo visual apelativo, impulsionando SEO com palavras-chave como "fotografia imobiliária Portugal" ou "vender imóvel mais rápido". Além disso, reduz visitas desnecessárias, poupando tempo a todos os envolvidos, e destaca o imóvel em mercados saturados, como o centro de Lisboa.

Para alcançar estes benefícios, é essencial dominar o trabalho técnico específico. Que vai desde a preparação do imóvel, à iluminação, à edição profissional de fotografia e vídeo, à produção de texto altamente atractivo, ao SEO, às novas ferramentas de IA, até à experiência com os algoritmos das redes sociais.

Prefira sempre luz natural, fotografe e filme em dias solarengos para evitar sombras duras. Um bom profissional sabe também usar iluminação artificial de forma muito natural quando é necessário. Use ângulos amplos com lentes grande-angulares (16-35mm) para fazer espaços parecerem mais amplos, mas sem distorções excessivas que enganem o comprador.

Dicas práticas para proprietários ou agentes em Portugal: prepare o imóvel removendo objectos pessoais, limpando superfícies e arrumando mobiliário para um look neutro e convidativo. Contrate fotógrafos e videógrafos experientes especializados em imobiliário, que tenham a capacidade de comunicar, trabalhar com IA, e com redes sociais Inclua drones para vistas aéreas, que captam até 68% mais atenção. E edite com subtileza: ajuste brilho e contraste, mas mantenha a realidade para evitar decepções em visitas.

Casos reais ilustram o impacto. Em Lisboa, uma agência imobiliária usou fotografia e vídeo profissional para uma casa no Chiado: com imagens e vídeos destacando vistas históricas e interiores luminosos, vendeu em três semanas por 10% acima do preço pedido, contra meses para imóveis semelhantes com conteúdo amador. No Porto, a Sheep House relatou que imóveis com conteúdo profissional vendem mais rapidamente, atraindo investidores estrangeiros.

Outro exemplo: uma moradia no Algarve, promovida com tours virtuais IA-integrados, recebeu 50% mais inquéritos online e fechou negócio em menos de um mês. Empresas como a John Redin em Portugal confirmam: casas com apresentação e comunicação profissional vendem significativamente mais depressa. Estes casos sublinham como, com palavras-chave como "valorizar casa com fotos profissionais", o SEO impulsiona o sucesso.

Em resumo, um trabalho de produção de conteúdo 360º de alta qualidade é indispensável no mercado imobiliário português de 2025, valorizando imóveis, acelerando vendas e elevando preços. Com a integração de IA, as possibilidades expandem-se, mas a base humana permanece essencial para autenticidade.

Se pretende vender o seu imóvel mais rápido e por mais dinheiro, invista em fotografia profissional e em conteúdo — contacte um especialista multidisciplinar hoje, que já esteja adaptado às exigências modernas, e transforme a venda da sua propriedade num sucesso. Num sector em evolução, a qualidade visual, e a forma de comunicar não é opcional; é a chave para o êxito.

ENG.

In a world where more than 90% of property searches start online, a simple photograph can be the decisive factor between a quick sale and a property forgotten at the end of the listings. In Portugal, with the real estate market growing driven by tourists and foreign investors, professional high-quality photography is not just an aesthetic detail — it is a strategic tool that enhances properties, accelerates transactions, and raises sale prices. These are facts.

The issue is that the world is currently undergoing an unprecedented change and acceleration. And everything that has been applied in commercial, marketing, or communication terms regarding real estate over the last 10/15 years is already obsolete.

The era of Artificial Intelligence has arrived, and it is already changing everything. Placing your property in real estate agencies, with high-profile real estate agents, is a good strategy? It is. Nothing replaces the hard work of an excellent real estate agent. But if that agency or agent is still working through conventional methods, then it is not enough.

It is not enough because the market in Portugal is highly dynamic, and a good network of contacts today may mean nothing tomorrow. A good website with a good listing of properties loses importance with each passing day. We are living the old game of great periods of transformation: either we adapt, or we die (in the figurative sense, of course).

Platforms like Idealista or OLX dominate searches, that is true, but they are losing views every day to other instruments and methods. A foreigner who wants to buy a house in Portugal does not know those websites, although they reach them through a quick Google search.

But they know brands: Remax, KW, Era, Engel & Völkers, Christies, Sotheby’s, Century 21 – these are all internationally renowned brands that inspire trust in non-Portuguese consumers.

But if that is the case, how is it that more and more new real estate agencies are appearing, sometimes even specialized in specific market niches, doing outstanding work?

Precisely because they understand the transformations and the new dynamics of this market, and operate based on those assumptions.

And what are those assumptions? It is that it is not enough to be a passive actor in a market of brutal competition. As I started this text, having any old images on a website and waiting for the client to appear is no longer sufficient.

Let's go back to the basic principle of all marketing strategies: first, you need to create a story, you need to instill a dream in the buyer, you need to convince them that they cannot live without buying your house – this is timeless.

What is not timeless is how we reach a large audience, and even more so, how we grab that audience to pay attention to what we want to present to them?

We need to know how to communicate according to market demands, and we need to know how to create content that "hooks" the client, and we need to know how to "go viral" and reach large audiences.

The "normal," the "known" is no longer enough. Banal images are not enough. Not telling a story, not having a "hook" (a hook to grab the client in the first seconds) is not sufficient. Not making videos is not enough. Communicating passively is not enough.

In the competitive Portuguese real estate landscape, images are the initial calling card of any property. But the images cannot be just any images. Studies indicate that properties with professional photographs receive up to 118% more online views than those with amateur images. Why? Because the modern buyer, often browsing on their mobile during a work break, decides in seconds whether to click or move on. An amateur-taken photo conveys sloppiness and devalues the property, while professional images evoke professionalism, care, and potential. Who wants to buy a house from someone who does not have the pride to present themselves properly? Someone is going to spend a lifetime's savings, or go into debt for an entire life, and the seller does not even have the care to show the "product" they want to sell professionally. That says a lot about the seller, in my opinion.

But do photographs, even if excellent, suffice on their own? Of course, you can sell a house just with high-quality photographs, but the question here is the potential for valuation and speed of sale that could have been achieved if the work had a top strategy from the start.

Photographs alone mean stopping halfway. Because, going back to the "cassette" again, you need to tell a story, you need to instill a dream, and although photographs are part of that, in a world so dependent on visual stimuli, despite being important, they need something more. This is where three fundamental instruments come in: video; three-dimensional visits; communication on social networks.

In Portugal, as already mentioned, this impact is even more pronounced due to the influx of international buyers — British, French, and Brazilians represent a significant share of the market, according to data from the National Institute of Statistics (INE). These buyers, often without the possibility of immediate visits, depend entirely on communication instruments to form opinions.

At this moment, the photograph of your property competes with thousands of other photographs of other properties. Therefore, it is no longer even a question... before anything else, you have to ensure that you work with an experienced real estate photographer, and that your property presents professional high-quality images, just to match the competition.

But if you really want to stand out, if you really want to reach the market you intend, then I suggest you also work on these other instruments I mentioned, since, for now, not all properties do so.

Making videos is mandatory. Drone shots, photography videos – if the property is a villa, if it has outdoor space, or if the building or location is an added value – is mandatory. Doing a 3D mapping through tools like Matterport? I bet you would expect me to say mandatory. But that is what I am here for. The Artificial Intelligence from Google's DeepMind program has launched a tool called Genie3. This tool allows you to save a few hundred euros on the investment in Matterport mapping, in addition to many hours of work. It allows, through photographs of the property, to create a fully navigable three-dimensional map by the user. It is fair to say that it is truly genius, and yes, it is mandatory.

The integration of emerging technologies amplifies this importance. In 2025, software tools with AI like Lightroom or Photoshop with AI — allow optimizing real images, correcting lighting or removing subtle imperfections, without altering the essence of the space. This reinforces the need for an experienced photographer to capture and produce authentic content.

Returning to the power of the image, photography, video, 3D, professional social networks act as a catalyst for the valuation of properties, transforming perceptions and justifying higher prices. Imagine a villa in Cascais: with amateur images, it seems merely functional. Already with these professional communication tools, it reveals itself as a luxurious refuge, with natural light shining on wooden floors and gardens from which we can even smell their scent.

This "wow effect" increases perceived value, leading buyers to pay more — global statistics show that properties with high-quality communication packages sell for up to 5-10% above equivalent properties.

In Portugal, the average price per square meter in Lisbon, for example, already hovers around 5,000 euros in 2025, according to the INE, this valuation is crucial.

Images and plans, dream-inducing phrases that highlight unique attributes — like proximity to the sea in the Algarve or panoramic views in the Douro — create desire and perceived scarcity. Combined with Home Staging, a technique that prepares the property with minimalist arrangements and neutral decorations, photography elevates visual appeal, making the space seem lived-in, larger, brighter, and more modern.

The generation of virtual images for simulated renovations is also a huge trend, and a fabulous instrument, allowing buyers to visualize "before and after" without additional costs. For example, an old apartment in Bairro Alto can be "remodeled" digitally to show potential, increasing its market value by up to 15%, according to reports from Portuguese real estate agents.

The benefits of professional real estate communication go beyond aesthetics — they translate into measurable results. Firstly, selling faster: properties with images, videos, professional communication spend, on average, 32% less time on the market.

In Portugal, where the average selling time is 6-9 months in urban areas, this means reductions to 4-6 months, minimizing costs with maintenance, taxes, and loan interest. A Redfin survey, adapted to the European context, confirms that professionally photographed houses attract more qualified visits, filtering serious buyers.

Secondly, selling more expensively: visual quality justifies price premiums.

Ads with well-crafted videos generate 40% higher engagement rates on social networks and real estate portals, leading to more competitive offers. For owners in Portugal, this can mean thousands of euros extra — on a 300,000 euro property, a 5% increase represents 15,000 euros.

Other benefits include greater online visibility: algorithms from platforms like Google or Facebook prioritize appealing visual content, boosting SEO with keywords like "real estate photography Portugal" or "sell property faster". Additionally, it reduces unnecessary visits, saving time for everyone involved, and highlights the property in saturated markets, like central Lisbon.

To achieve these benefits, it is essential to master the specific technical work. Which ranges from property preparation, to lighting, to professional editing of photography and video, to highly attractive text production, to new AI tools, up to experience with social network algorithms.

Always prefer natural light, photograph and film on sunny days to avoid harsh shadows. A good professional also knows how to use artificial lighting in a very natural way when necessary. Use wide angles with wide-angle lenses (16-35mm) to make spaces seem larger, but without excessive distortions that deceive the buyer.

Practical tips for owners or agents in Portugal: prepare the property by removing personal objects, cleaning surfaces, and arranging furniture for a neutral and inviting look. Hire experienced photographers and videographers specialized in real estate, who have the ability to communicate, work with AI, and with social networks. Include drones for aerial views, which capture up to 68% more attention. And edit with subtlety: adjust brightness and contrast, but maintain reality to avoid disappointments during visits.

Real cases illustrate the impact. In Lisbon, a real estate agency used professional photography and video for a house in Chiado: with images and videos highlighting historical views and luminous interiors, it sold in three weeks for 10% above the asking price, versus months for similar properties with amateur content. In Porto, Sheep House reported that properties with professional content sell faster, attracting foreign investors.

Another example: a villa in the Algarve, promoted with AI-integrated virtual tours, received 50% more online inquiries and closed the deal in less than a month. Companies like John Redin in Portugal confirm: houses with professional presentation and communication sell significantly faster. These cases underline how, with keywords like "enhance house value with professional photos", SEO drives success.

In summary, a 360º high-quality content production work is indispensable in the Portuguese real estate market of 2025, enhancing properties, accelerating sales, and raising prices. With the integration of AI, possibilities expand, but the human base remains essential for authenticity.

If you intend to sell your property faster and for more money, invest in professional photography — contact a specialist today and transform your property into a success. In an evolving sector, visual quality and the way of communicating is not optional; it is the key to success.

Leia mais
Alexandre Bettencourt Alexandre Bettencourt

IA generativa já é o presente – a perspectiva de um fotógrafo

Lembro-me do dia em que pela primeira vez usei o Midjourney. Era a primeira vez que tinha ouvido falar nessa coisa estranha a que chamam de Inteligência Artificial Generativa. Sempre achei que a Inteligência Artificial iria entrar nas nossas vidas um bocado como se vê nos filmes: como robots humanóides a fazer todo o tipo de tarefas humanas, e com super computadores a resolver problemas antes impossíveis.

Mas a verdade é que, antes de tudo isso, criar imagens com IA tem sido das experiências mais fascinantes que já vivi na minha vida. Na altura sobrestimei as suas capacidades. Achei que havia controlo absoluto e que se poderia produzir de forma milimétrica um conceito. Mas não é assim. De todo. Esse aliás tem sido um dos grandes desafios que a IA generativa tem trazido, e que hoje se chama de “prompt adherence”.

A IA generativa percorreu um longo caminho desde os seus primórdios, quando ferramentas como o DALL-E ou o Midjourney geravam imagens com artefactos evidentes e um ar artificial que repelia o público. Não era perfeita – e ainda não o é completamente, com erros em proporções ou coerência visual. Mas, em 2025, já permite coisas incríveis: criar imagens com IA que rivalizam com fotografias reais, produzir vídeos com IA em minutos, ou até gerar modelos digitais que falam e se comportam como seres humanos. Em Portugal, buscas como "IA generativa para imagens" ou "produção de conteúdo IA" explodiram, reflectindo um interesse crescente, segundo dados de tendências de pesquisa que mostram um aumento de mais de 50% em consultas relacionadas a ferramentas como ChatGPT e Midjourney nos últimos dois anos.

O que mudou verdadeiramente foi a aceitação do público. Já não é visto como "fake" ou enganador; as pessoas relacionam-se com o conteúdo gerado por IA de forma natural, partilhando-o nas redes sociais ou interagindo com influencers digitais como se fossem reais. Existem já influencers IA que têm mais de 500 mil seguidores no Instagram.

Um estudo recente da Gartner indica que mais de 80% das empresas usarão IA generativa até 2026, e em Portugal, marcas como a Delta Cafés ou a Sagres já experimentam isso para campanhas visuais mais dinâmicas. Para fotógrafos e criadores de conteúdo, isso significa uma revolução: a IA não substitui a objectiva, mas amplifica-a, permitindo editar imagens com precisão ou gerar variações infinitas a partir de uma foto original. Será possível também usar a fotografia como base, e a IA para a tornar em movimento, ou gerar toda uma campanha.

Mas evidentemente que tudo isto, apesar de fascinante coloca em causa muito daquilo que hoje em dia conhecemos e nos habituámos. Será que o papel de «influencer não IA» existirá ainda em 2030? Será que as empresas de moda, por exemplo, vão poupar milhões nos seus orçamentos e abandonar as grandes campanhas? E as/os modelos? O que lhes irá acontecer? Bem como aos fotógrafos: tornar-se-hão obsoletos?

A resposta para todas estas perguntas é, na minha opinião sim e não.

O que quer isto dizer? Quer dizer que vai haver uma grande, enorme revolução na forma de produzir conteúdo e na forma como esse conteúdo vai interagir com as pessoas nas redes sociais. Sim, muitas influencers vão deixar de ter tracção, e futuras novas influencers a grande maioria não terá qualquer hipótese. Sim muitas marcas irão cortar os seus budgets para apostar em campanhas totalmente realizadas por IA. E a profissão de modelo irá reduzir substancialmente.

Mas a verdade é que o ser humano não será nunca substituído. A IA generativa é incapaz de verdadeira criatividade. É apenas uma “fotocopiadora.” Mas um instrumento que consegue ir buscar milhões e milhões de referências próximas, para apenas replicar aquilo que conhece. Sem o ser humano a IA não consegue criar nada de novo. Nesse sentido, muitas influenciadoras “sobreviverão” precisamente porque num mundo invadido por personagens digitais, aqueles que melhor comunicarem, e que melhor se conectar com aquilo que é essencial aos seres humanos, não só vão continuar, como se irão destacar. O mesmo se aplica às/aos modelos.

As redes sociais terão que se adaptar e modificar muita da sua estrutura e algoritmo. Vejo facilmente que algumas irão proibir conteúdo gerado por IA – quando o volume for avassalador e de baixo valor. As marcas poderão cortar nos mega budgets para mega campanhas, mas agora irão trabalhar com estúdios ou artistas de produção visual com IA, o que irá levar a trabalhos que são mais pequenos, mas mais frequentes. No final do dia, num dado ano, irão gastar o mesmo ou até mais.

Muitos fotógrafos irão desaparecer é verdade. Mas aqueles que rapidamente apanharem o comboio da IA, e se conseguirem especializar nesse tipo de conteúdo irão ter oportunidade de fazer coisas, que antes, atrás da câmara, nunca lhes seria possível. Vão ter oportunidade de trabalhar globalmente. E vai haver uma oportunidade de gerar rendimento nunca antes vista na história da humanidade, que nem sequer é comparável com a febre da internet nos anos 2000.

O resultado? Mais conteúdo produzido, mais rapidamente, e visualmente mais apelativo, com taxas de engagement que, segundo relatórios da HubSpot, podem aumentar em 40% quando o visual é personalizado via IA.

Plataformas como o Grok e o ChatGPT serão o “escritório base” da organização das ideias, da estruturação de tudo. Estas plataformas irão também a determinada altura substituir o Google, pois as pessoas vão usá-las como agentes de pesquisa – apesar de terem ainda um longo caminho a percorrer nesse sentido.

As marcas vão tirar partido disto de formas práticas e rentáveis. Uma empresa de turismo portuguesa, por exemplo, que precise de conteúdo visual atractivo para promover o Alentejo: poderá combinar fotografias reais, com personagens criadas usando o Midjourney, sem grandes produções dispendiosas.

Em termos de vídeo, a produção de vídeos com IA ganhou tracção com ferramentas como o Sora ou o Runway ML, que transformam texto em sequências animadas. Mas todos os dias aparecem novas e mais avançadas ferramentas, como o Google VEO3, por exemplo. Para marcas, isso significa campanhas publicitárias ágeis: um vídeo promocional de um novo vinho do Douro pode ser gerado num par de horas, incorporando elementos fotográficos reais para um toque autêntico. Palavras-chave como "influencers IA Portugal" ou "marcas e IA generativa" dominam as pesquisas, indicando que o mercado local está já em transição.

Como fotógrafo eu olho para estas ferramentas como pequenas caixas de Pandora, onde a pouco e pouco me apercebo, que “ah, afinal dá para fazer isto!” 

Vejo que são grandes auxiliares na produção do meu trabalho, e pretendo estar na vanguarda desta transformação. Quero oferecer aos meus clientes possibilidades que antes eu não lhes poderia oferecer. E com isso especializar-me também nesta área. Mas gostaria muito, tenho o desejo profundo de que nunca se perca a fotografia real como base – porque é um instrumento com muito valor, que dificilmente pode ser substituído por um motivo muito óbvio: é a realidade.

IA generativa não é o futuro da produção de conteúdo; é o presente, pronto para tornar o trabalho de todos mais eficientes e criativo.

Em Portugal, onde o sector digital cresce impulsionado por data centers AI-ready – projectados para adicionar 26 mil milhões de euros ao PIB até 2030, segundo a Copenhagen Economics – esta tecnologia não é um luxo, mas uma necessidade.

Portugal perdeu, desde a primeira revolução industrial, todos os comboios da inovação, e isso teve consequências profundas que ainda hoje são bem visíveis. Não nos podemos dar ao luxo de ficar para trás quando no final do dia pode ser uma questão de vida ou de morte.

Contudo, como em todos os grandes processos de transformação, existem cuidados. A IA exige supervisão humana para evitar erros éticos ou visuais. As marcas deverão equilibrar aquilo que geram com IA com o genuíno para manter a confiança. Existe um gigante potencial para abuso, e em alguns casos mesmo esses abusos já foram concretizados.

Preocupa-me o dia em que não se distinguirá a IA de imagens reais, e se poderão incriminar ou difamar pessoas, ou até mesmo na sua utilização como forma de propaganda em massa por movimentos mais extremistas, ou por governos e corporações sem escrúpulos.

Obviamente que existe regulação que ainda terá que ser feita, mas o objectivo dessa regulação deveria ser o de conter os potenciais efeitos catastróficos, ou sistemáticos da IA, e não sobre focado na limitação da inovação ou processos criativos – desde que eles não interfiram com os direitos e liberdade de ninguém.

Apesar de já existir adopção em massa, ainda estamos em terrenos incertos. Pelos vistos, teremos que esperar por 2030 para ver no que tudo isto irá realmente resultar.

 

 

 

Leia mais
Alexandre Bettencourt Alexandre Bettencourt

The Story of how I became a Photographer

“Consequently, I am uncertain if any photographs were ever successfully produced by that remarkable orange camera. Nonetheless, I transformed it into a toy, envisioning myself one day capturing breathtaking images. Thus, the dreamer that persists within me today might have been born on that very day.”

ENG.

Every story has a moment that we call the beginning. Though it is hard for me to locate the precise instant where I can say, “there it was, where it all started!” I was, however, struck with a memory that I will never forget: that of my first camera.

His name was Zé. He was my grandfather on my mother’s side. I didn’t know him well, nor did I see him much, as there was some kind of problem in the family relationship that, as a child, it was impossible for me to comprehend. Certainly, that was the reason why I felt this huge desire to connect with and get to know my grandfather.

My earliest recollection, which remains the sole memory I possess of him, dates back to when I was approximately four or five years old. On the occasion of my birthday, my grandfather Zé presented me with a camera - a small and peculiar orange device, most likely intended for children use only. However, to me, it was simply a magic object.

I vividly recall the feeling of being absolutely awestruck by that magnificent piece. I also remember my grandfather Zé attempting to instruct me on the process of attaching the camera roll – that was smaller than your typical roll - but my young self couldn’t quite grasp anything from the explanations. Consequently, I am uncertain if any photographs were ever successfully produced by that remarkable orange camera. Nonetheless, I transformed it into a toy, envisioning myself one day capturing breathtaking images. Thus, the dreamer that persists within me today might have been born on that very day.

That moment, when that estranged man - whom I had scarcely acquainted myself with - presented me with an enthralling contraption that had the power to halt time, will remain, akin to a photograph, indelibly etched in my memory forever. This is for all the families that are never without imperfections, but somehow the unwordly conection that they have in common, if far more capable and sacred than the sum of all their mistakes.

Although I wish I had the opportunity to establish a better relationship with the father of my mother, I like to believe that my vocation as a photographer is partly due to his influence. Therefore, I find myself happy, with the sense that something from my grandfather Zé still dwells within me, till this day.

PT.

Todas as histórias têm um momento que a que chamamos de começo. Mas é difícil localizar na minha vida o preciso instante em poderia dizer: “foi ali que tudo começou!”. Ficou, contudo, comigo uma memória que nunca esquecerei. A da minha primeira máquina fotográfica.

Chamava-se Zé. E era o meu avô do lado materno. Não era uma pessoa que eu conhecesse bem, ou que eu visse muito, pois existia um problema na relação familiar, que para mim, enquanto criança era impossível de compreender. Certamente por isso sentia um enorme desejo em me relacionar e conhecer melhor o meu avô.

A minha primeira memória é aliás, a única memória que dele tenho, deveria eu ter cerca de quatro ou cinco anos. Foi precisamente aquela, em que, por ocasião dos meus anos o meu avô Zé me decidiu oferecer uma máquina fotográfica. Era pequena e cor de laranja, seria provavelmente para crianças, mas para mim era simplesmente um objecto mágico.

Aquele momento, em que um estranho homem que eu mal conhecia, me estava a oferecer, com um inolvidável brilho de ternura nos seus olhos, um fascinante objecto que permitiria parar o tempo, ficará, tal como uma fotografia, imortalizado para sempre. Por todas as famílias que de uma forma ou de outra não são perfeitas, mas o laço que lhes é comum é algo muito mais forte, mais sagrado, do que a soma de todos os seus erros.

Gostaria de ter conhecido melhor o Pai da minha Mãe. Mas gosto de pensar, que se hoje sou fotógrafo é também por causa dele, e que portanto existe ainda em mim uma pequena parte do meu saudoso avô Zé.

Leia mais
Alexandre Bettencourt Alexandre Bettencourt

Small Cottage in Azores - Pequeno Refúgio nos Açores

“A house is never a home without the presence of life within its walls. Thus, architecture, despite dealing with space, light, gravity, and materials, is primarily concerned with the metaphysical phenomenon of human existence.”

ENG.

There is a certain luxury in stripping away the accessory. When we truly encounter ourselves with the essential, there is a comfort that exists in no other thing in life.

It is akin to the warmth of a fireplace or the serene grace of a landscape that pierces through the mist at dawn. Such images we long to etch forever into the depths of our souls, and to thank God for the boundless beauty of the universe.

But, if framing such splendor is not possible, we can still capture it between a small white square window and a cherry-colored wooden shutter. For there is a certain power in matter. The human being  is naturally more drawn towards wood or stone rather than plastic. And sometimes, objects of antiquity, traditional things, a cherished memory of the past, exude an irresistible charm.

A house is never a home without the presence of life within its walls. Thus, architecture, despite dealing with space, light, gravity, and materials, is primarily concerned with the metaphysical phenomenon of human existence.

The crackling heather inside the fireplace, and its unmistakable aroma transports us to the anthropological depths of humanity. The crispy sound of freshly baked bread is the soundtrack of our essence, while the delicate touch that the craftsman weaves into linen towels is a hymn to the mastery of our ingenuity.

The only problem with physical comfort is that as soon as we attain it, we seek to satisfy yet another desire. It is an endless problem.

To contemplate the magnificence of things, be it a small hydrangea bathing unashamedly in the sunlight or the vast bluely ocean stretching limitlessly beyond our sight, is an indestructible idea that never fades.

It belongs to the realm of ideas, for it does not stem from the world of things, it remains eternal. Though it does not nourish us physically, it feed us in such a way that we tremble in awe like we do before the immensity of the stars as they shine upon the darkness of the night.

The ancients knew it. And we know that the ancients knew it. That is why they built temples to the dimension of the human soul. 

Sometimes it doesn’t take a temple. Just a small and comforting family refuge. A place where we can perceive the vastness of such things, but while still enjoying the comfort of familiar surroundings. The flicker of the fireplace, the crackle ofrye bread, the linen towel.

 

(text written for an architecture studio)

 PT.

Há um certo luxo em despirmo-nos daquilo que é acessório. Quando nos encontramos verdadeiramente com o imprescindível existe um conforto que não existe em mais nenhuma outra coisa na vida.

Como uma lareira. Ou como uma límpida paisagem que trespassa perante neblina do alvor. Uma imagem daquelas que nos apetece emoldurar para sempre na nossa alma, e agradecer a deus por todas as coisas bonitas do universo. Mas se não for possível emoldurar assim, emolduremos então por entre uma janelinha branca aos quadradinhos, e uma portada cor de cereja.

A matéria tem este poder. O ser humano será sempre mais atraído para a madeira, ou para a pedra, do que para o plástico. E por vezes as coisas antigas, as coisas tradicionais, a lembrança, uma memória doce do passado contém este charme difícil de resistir.

Uma casa nunca é uma casa, senão houver vida lá dentro. É por isso que a arquitectura apesar de lidar com o espaço, a luz, a gravidade, os materiais, lida sobretudo com o fenómeno metafísico da existência humana.

Dá-se o crepitar da urze dentro da lareira, e o seu aroma inconfundível leva-nos às profundezas antropológicas daquilo que é verdadeiramente o Homem. O estaladiço som do pão acabado de cozer é a banda sonora da nossa essência, enquanto que o delicado toque que o artesão tece nas tolhas de linho, é um hino à mestria da nossa engenhosidade.

O único problema do conforto físico, é que sempre que o mesmo é resolvido, logo lhe vêm um novo que se deseja saciar. É um problema inacabável. Mas contemplar a beleza das coisas: das mais pequenas, como uma hortênsia alardeada desavergonhadamente ao raio de sol, até às maiores, como o oceano que azuladamente se espreguiça ao longo do alcance da nossa vista, é uma ideia indestrutível que não se apaga nunca. Pertence ao campo das ideias. E como não vem do mundo das coisas remanesce eterna. Embora não nos alimente fisicamente, sustenta-nos de tal forma que estremecemos perante a incomensurabilidade das estrelas quando brilham perante o escuro da noite.

Os antigos sabiam-no. E nós sabemos que os antigos sabiam, por isso é que construíam os templos à dimensão do espírito humano.

Por vezes não é preciso um templo. Basta um pequeno e reconfortante refúgio de família. Um refúgio onde possamos perceber a imensidão destas coisas, mas sem abdicarmos dos confortos que nos são incrivelmente familiares. O tremeluzir da lareira, o estalar do pão de centeio, e uma toalha de linho.

 

(texto escrito para atelier de arquitectura)

 

Leia mais
Alexandre Bettencourt Alexandre Bettencourt

House in Lubango - Uma Casa no Lubango

“At the end of the day it is on the stunning terrace that one can best contemplate the golden sunset landscape, while birds sing and jubilate free without dismay, and wild beasts just lie, docilely breathing the air.”

ENG. 

There, in Lubango, a luxurious house is set to be born, founded on the roots of Africa, the majestic and primordial motherland, the sacred womb of the world.

This house draws inspiration from traditional Angolan constructions, particularly from the domed hut, which identical to a mother, nurtures and protects against rain, heat, mosquitoes, and wild animals.

The volumes of the first floor plan are masterfully adjusted and rotated, each space carefully crafted to offer a unique and enchanting experience of light and presence, before being merged through their common crossings.

The earth is sought after for the chameleon-like color of adobe, which blends perfectly into the magnificent landscape, revealing a different tale every season.

The concept of the arched roof, a hallmark of traditional African architecture, is reimagined here in a modern context, creating a sense of sumptuousness brought through carefully placed zenith orifices. These openings delicately pour an almost sacred light, imbuing the space with a unique and captivating ethereal wonder.

Large, modern, and splendid openings are carved into the house with intelligence and grace, ensuring a sustainable balance between unobstructed views of the outside world and protection from the sometimes burning African climate. The spaces unveil succeedingly in a palatial way, almost as if the unfolding of infinity is presenting itself before our eyes. The ceiling varies to create situations of greater or lesser intensity, of shelter, welcome, expansion, or discovery.

Outside, nestled in the lush exotic garden, skillfully sprinkled among the vegetation, small huts nestle as pompous and interesting dwellings to welcome visitors. Once again, this revisits the picturesque tradition of genuine Angolan living.

This intertwining between the luxurious mother house, a modern uterine shelter, and the primordial garden of Eden, truly speaks to us in such a pure and simple way of what Africa is.

At the end of the day it is on the stunning terrace that one can best contemplate the golden sunset landscape, while birds sing and jubilate free without dismay, and wild beasts just lie, docilely breathing the air.

(text written for an architecture studio)

PT.

Ali no Lubango vai nascer uma casa. Uma casa que é de luxo, mas assente sob raízes africanas. África terra mãe, majestosa, primordial, ventre sagrado do mundo.

Esta casa é inspirada nas construções tradicionais angolanas, naquelas cubatas abobadadas, que tal como o útero materno, nutrem, cuidam, sustentam, e protegem da chuva, do calor, dos mosquitos e da ameaça animal.

O projecto parte da preexistência de um esboço anterior. Os volumes dessa primeira planta são depois ajustados e rodados conforme a experiência de luz e do habitar que se procura para cada um, e no final, fundidos, através do seus atravessamentos comuns.

À terra vai-se buscar a cor do adobe, que tão bem se integra na prolífica paisagem, e que nos conta uma história diferente a cada época diferente do ano.

O conceito da abóbada é recriado para uma vivência mais moderna, uma interpretação formal que consegue conferir grandiosidade ao espaço, e onde através de aberturas zenitais, cuidadosamente colocadas, se derrama delicadamente uma sacra luz.

Grandes, modernos e esplêndidos vãos são rasgados inteligentemente na direcção que menos acaloramento provoca na casa, garantindo-se assim um sustentável equilíbrio entre o desafogamento visual e a protecção do, por vezes, abrasador clima africano. Os espaços sucedem-se palacianamente, quase como se o desenrolar do infinito se apresentasse diante dos nossos olhos. Variando a altura do pé direito invocam-se presenças de maior ou menor intensidade, de abrigo, acolhimento, de expansão, ou de descobrimento.

Lá fora, perdidas no exótico jardim, salpicadas com mestria por entre a vegetação, nascem pequenas cubatas como pomposos e interessantes espaços de acolhimentos de visitas, revisitando novamente a pitoresca tradição do genuíno habitar angolano.

Este conceito contrastante entre a sumptuosidade de uma casa-mãe como abrigo uterino moderno, e o etéreo e primordial oásis jardim, fala-nos na verdade, e de uma forma tão pura e simples daquilo que é essencialmente África.

No final do dia, é naquele deslumbrante terraço que melhor se contempla a dourada paisagem do sol pouseiro, enquanto os pássaros jubilam livres sem medo, e as feras selvagens apenas ali ficam respirando docilmente o ar.

 

 

Leia mais
Alexandre Bettencourt Alexandre Bettencourt

The light - A Luz

“A languid light reflects on the foam that covers the sea. The taste of salt runs through my mouth, and the whole context, although intoxicating, brings me to my senses. The familiar smell of wax, the soft, cold touch of the water boiling tumultuously throughout my rigid body trying to remain whole. The crystal-clear sound of a board tearing through the water is something you will never forget.”

ENG.

A languid light reflects on the foam that covers the sea. The taste of salt runs through my mouth, and the whole context, although intoxicating, brings me to my senses. The familiar smell of wax, the soft, cold touch of the water boiling tumultuously throughout my rigid body trying to remain whole. The crystal-clear sound of a board tearing through the water is something you will never forget.

With each wave aimed at me, I can feel its power, its brutal raw energy. In every confrontation, there is doubt and silence. “Will I get through?” I feel dizzy, confused. All the synapses of my conscious mind are now fighting against the molecules of a body that only reacts to the survival instinct.

With each dive, a whirlwind of feelings, thoughts revolve in my head precisely when a vortex in aliquid state threatens it.

Behold, it rises, proud and serene, owner and lord, an unlikely figure that imposes its right of existence in the face of a conspicuous threat that is mercilessly pursuing him. In a pure stroke of instinct, our heroic figure escapes, in slow motion, the sharp blade of the wave gently robs just one simple thread of hair. A warning sign. By bottom turning the board in an irreverent act of provocation, he points his intentions to the most forbidden of all temples: the summit of that perilous body of water. The speed that he carries leads to the sublime framing, immortalized in the blackness of his silhouette framed with the backlit glow illuminated by the last three golden rays of light.

One second later, all grace collapses under the forces that came to claim the price of such bold daring. “The sea does not forgive!” I thought to myself, in an inner dialogue that only those who find themselves in that solitude where time stops, know. A deep conversation from me to myself, where it’s just me and the ocean… or even maybe, just me.

“To be entitled to the big reward one has to be prepared to pay the big price” –What a big cliché, that someone at some point has blustered. With the approach of the monster in full charge, the same beast that even heroes had succumbed to, I replied revoltingly: “I don’t want to pay the price!” So I clawed my hands with every little muscle I had into the foam of that board, found strength in the darkest corners of my being, and I said this time out loud: “Right here, it’s just me and you, YOU and I!”

I closed my eyes and prepared myself for the big clash. I dove. Rumble. Silence. Darkness. Gradually the senses awaken. Suction, oh no!“Is it this one?” I slowly float zigzagging to the surface. Breath. And now I shout again to my own stomach: “My God! How I love this shit!”

PT.

A luz, lânguida, reflecte-se douradamente na espuma que encobre o mar. O sabor do sal percorre-me a boca, e todo o contexto embora inebriante, coloca-me em sentido. O cheiro do wax que me é familiar, o toque frio e macio da água que efervesce tumultuosamente por entre a rigidez deste corpo que se quer inteiro. O som cristalino de uma prancha a rasgar água, é coisa que nunca se esquece.

A cada onda que me estava apontada, podia sentir o seu poder, a sua energia brutal. Em cada confronto, a dúvida, o silêncio. Será que vou passar? Estou tonto. Confuso. Todas as sinapses da minha mente consciente pelejam agora contra as moléculas de um corpo que já somente reage ao instinto de sobrevivência.

A cada mergulho um turbilhão de sentimentos, pensamentos, que revolvem na minha cabeça precisamente quando sobreela um vórtice em estado líquido a ameaça.

Eis que se ergue, altivo e sereno, dono e senhor, uma improvável figura que impunha o seu direito à existência perante a conspícua ameaça que impiedosamente o perseguia. Num puro golpe de instinto, a nossa heróica figura escapa, em câmara lenta, à afiada lâmina da onda que apenas lhe rouba gentilmente um cabelo. Como sinal de aviso. Ao girar a base da prancha, num irreverente acto de provocação, aponta as suas intenções ao mais proibido de todos os templos: o cume daquela periclitante massa de água. A velocidade, que consigo trazia conduz ao sublime enquadramento, imortalizando-se perante o negrume da sua silhueta emoldurada no resplendor em contraluz que a posição do sol alanternou.

Um segundo depois, toda a graciosidade desabava sob as forças que vinham reclamar o preço de tão arrojada ousadia. “O mar não perdoa!” – pensei eu. Não para os meus botões porque não os tinha, mas para mim mesmo, num diálogo interior que só quem se encontra naquela solidão onde o tempo definitivamente pára, conhece. Uma conversa profunda de mim para mim, onde resta apenas eu e o mar… ou talvez mesmo, apenas eu.

“Para se ter direito à grande recompensa tem que se estar preparado para pagar o grande preço” – Que grande cliché, que alguém, em algum momento, terá vociferado. Com a aproximação do monstro a toda a carga, daquele monstrengo que até heróis tinha derrotado, respondi revoltosamente: “Eu não quero pagar o preço! Cravei as minhas mãos com toda a força no bloco da prancha, encontrei forças nos mais obscuros recantos do meu ser e disse desta vez em voz alta: “Agora somos apenas eu e tu, TU e EU!”

Fechei os olhos, preparado para o embate. Mergulhei. Estrondo. Silêncio. Escuridão. Aos poucos os sentidos despertam. Sucção, oh não! “Será desta?” Flutuo ziguezagueando lentamente até à superfície. Respiração. E digo novamente para as minhas entranhas: “Meu Deus! Como eu adoro esta merda!”

Leia mais